McDonald's X Habib's

Juro que não sei o que é pior: me oferecer refrigerante e batata-frita mega power size 500g/750 ml plus ou fazer o que a atendente do habib´s fez ontem.
De noite, meio tarde, com cara de quem quer voltar para casa e acabar logo com isso passei no habib´s. Drive thru. Até aí tudo bem. Pedido feito e supostamente anotado. Nada de oferecimentos supercalóricos e exagerados como os do McDonald´s. Nada de "acompanha McFritas, McNuggets, McTorta, McCaralhoaQuatro, senhor? Nada.

Na hora de pagar, atendente e cobradora juntas fazem o serviço. A cobradora repete o pedido em voz alta e pronto:
- "falta uma coca, mocinha".
Ela retruca: - "ué, não era só uma?".
- Não, são duas!
- "De lata?"
- É pode ser. Aí veio a bomba:
- Duas "coca" de lata? Mesmo custando R$ 3,10 cada uma? Tem certeza?
- TENHO certeza. DUAS cocaS.
- Tá bom, é que tem gente que não gosta do preço.
Nisso a cobradora olha pra ela com cara de "cala a boca" e ela cala a boca.
Conclusão: tudo bem, realmente tem gente que não gosta do preço, mas vamos explicar pra ela que, se ela é atendente, vendedora, ela tem que tentar vender, sugerir que o cliente experimente, que queira mais, que compre mais, que gaste mais, mais, mais.

Se eu não estivesse com tanta sede, juro, desistiria da coca, concordando com o empenho impressionante dos treinadíssimos atendentes do habib´s em "não vender".
Aposto como eles têm workshops com o nome "Como não vender. Nunca mais." ou "Preço, qualidade e rapidez - como usar tudo isso para espantar seus clientes."
E depois eles ganham um botton com um slogan: "Vender mais, nunca mais".

Desculpa.

Mostarda

Já reparou como a grande maioria das pessoas prefere ketchup a mostarda?
Pare em frente a uma dessas lanchonetes tipo Lucky´s Lanches e você vai ver.
O ketchup e a mostarda estarão lá. Lado a lado, como fiéis companheiros.
Parece que um não é nada sem o outro. Até o nome combina, você fala sem pausa, ketchupmostarda, desse jeito mesmo. Mas no fundo são ávidos rivais.
Disputam a todo custo o leito quente e saboroso daquele enroladão de salsicha.
O sonho da mostarda é cair bem em cima da azeitona da empada.
Mas a realidade é dura quando você é um condimento em cima de um balcão. Todo mundo só quer o ketchup. Ele é pop. Ele é vermelho. Até o tubo dele é maior do que o da mostarda. A preferência é tão óbvia que chega a ser discriminatória. Isso deve doer lá no fundo do potinho da mostarda.

Você vai ao McDonald’s, por exemplo, e nem se dá o trabalho de pedir o ketchup, mas faz questão de usar todo o seu veneno contra a pobrezinha da mostarda.

- Ketchup e mostarda, senhor?
- Não, não! Mostarda, não! Pelo amor de Deus!

Crueldade! Mas, olha, até tem quem goste da mostarda. Não nego. Já vi pessoas que adoram.
Elas abraçam mesmo a causa. São totalmente anti-ketchup. Mas são poucos. A coitada ainda sofre com o preconceito todos os dias. Isso tudo tem que ter um porquê. O que eu acho é que a maioria das pessoas nunca viu uma mostarda de verdade. A planta, a semente, a coisa em si. Você vai à feira e pede 500 gramas de tomate, mas nunca sai para comprar mostarda para colocar na salada.
E, venhamos e convenhamos, é meio esquisito comer o molho de uma coisa que você nunca viu.
Afinal, o que será que espremeram que ficou amarelo daquele jeito?
Eu é que não vou colocar isso no meu croquete! Passa o ketchup pra cá!

Taise Gasparin