Brasil: otimismo pós-crise e oportunidades para o futuro.

Nos últimos 60 anos pode-se dizer que o Brasil passou por três grandes fases de otimismo na economia. A primeira foi nos anos de JK, na segunda parte dos anos 50. A segunda fase foi o período de ouro do regime militar, durante o governo Médici, na primeira parte dos anos 70. Já a terceira fase de otimismo é a que estamos vivendo hoje. Segundo Jim Collins, “uma crise é uma coisa terrível para se desperdiçar”, ou seja, em época de grandes crises e pós-crises é quando surgem as maiores oportunidades. É exatamente este período pós-crise que coloca o Brasil em um estado de otimismo em relação à economia.
Prova disso é que, mesmo depois de uma queda do PIB em 2009, relatada pelo IBGE, a maioria dos analistas do mercado são unânimes de que o ano de 2010 será o melhor ano da chamada “Era Lula”. Prevê-se um crescimento econômico e que poderá, inclusive, beneficiar a candidatura de Dilma Rousseff à presidência.
Por outro lado, os analistas falam em um crescimento de 6%, o que seria um aumento maior do que a capacidade produtiva do país. O resultado dessa equação é bem conhecido como inflação. E, caso realmente haja um crescimento tão rápido quanto o esperado, o Banco Central poderá elevar a taxa selic da economia para trazer a inflação novamente ao centro da meta. Em pleno ano eleitoral, um aumento impopular como esse poderá, inclusive, e neste caso, atrapalhar a candidatura de Dilma.
Com o crescimento, 2010 também poderá ser um ano de recuperação de investimentos, os mesmos que sofreram queda no ano passado por conta da crise e que serão de fundamental importância para o setor social, atingido diretamente pela retração no período da crise. No entanto, indo um pouco além de 2010, pode-se prever ainda mais mudanças econômicas que poderão, não por conta de uma crise, mas também retrair investimentos em benefício da igualdade social.
Com a trinca Pré-sal, Copa do Mundo e Olimpíadas em mãos, o Brasil fará grandes investimentos tanto governamentais quanto provenientes de empresas privadas. Estes gastos serão responsáveis por geração de emprego e circulação de dinheiro. No entanto, estando todos os olhos voltados para o fundo do mar, o trem bala e os grandes centros esportivos, é possível que o dinheiro neste momento seja desviado do social e a preocupação com o presente acabe deixando lacunas irreparáveis no futuro. Principalmente se esses investimentos deixarem a desejar para o setor educacional, por exemplo.
Um Brasil otimista em relação ao crescimento. Um crescimento que traz consequências boas e ruins para a política, a sociedade, o trabalhador e até o futuro das nossas crianças. Mas, como isso tudo poderá mudar ou afetar o Vale do Paraíba e seus profissionais?
Estamos em um dos eixos mais movimentados do país, ligando as duas principais capitais, Rio de Janeiro e São Paulo. O Vale abriga grandes empresas e centros urbanos, forma profissionais para essas empresas e, consequentemente, é uma região com grande potencial de desenvolvimento.
Os próximos anos serão ideais para que líderes da região mostrem que nós, do Vale estamos suficientemente perto, mas também longe do eufórico crescimento proveniente das capitais. É preciso trabalhar como se as únicas barreiras que separam o interior da metrópole fossem geográficas e que todo o crescimento poderá e deverá refletir em boas consequências para nossas cidades. Será preciso, também, mostrar que nossa curta distância da capital é o bastante para sermos mais preocupados com o crescimento humano e a transformação social, não deixando que o interesse pelo crescimento nos faça esquecer de investir em saúde, educação, moradia, promoção social.
Quanto ao presente, é o momento de ter em mente que começa agora, não apenas um período de otimismo, mas de oportunidades para o Brasil, para São Paulo e para o Vale do Paraíba. Só não podemos desperdiçá-las.

Taise Gasparin
Geek enrustida, Jogadora de Runas e Redatora.